O Centro de Arte Corpo se apresenta por dois elementos: um prisma de aço com 216 m de comprimento, elevado, e um cubo de pedra de 30 m, fundado no solo.
No prisma de aço, o pavilhão, a sede do grupo Corpo, a galeria de arte e os cinemas foram associados e caracterizados como espaços fundamentalmente de trabalho. Lugar onde artistas deverão encontrar condições privilegiadas para sua prática, assim como estímulo no contato com a prática de outros artistas. E lugar onde o público, além de encontrar o produto deste trabalho, poderá vislumbrar o seu processo de produção.
O cubo de pedra indica o Grande Teatro, ampla construção, sede de espetáculos de natureza interiorizada, semi-enterrado.
O chão, entre esses elementos, resulta essencialmente livre e aberto, como um grande jardim público, pertencente à cidade.


Chão
Neste domínio público, foram localizados o restaurante, as lojas e os acessos, com a abertura ou o resguardo desejados, regulando-se o nível do chão em maior ou menor proximidade com as cotas das ruas. O conjunto destes espaços configura o lugar do primeiro acolhimento de quem chega ao Centro de Arte Corpo, onde ficam claramente configurados os endereços da sede do Grupo Corpo, da galeria de artes e cinemas e do Grande Teatro. Além disso, é o lugar onde atividades temporárias, como feiras ou eventuais espetáculos abertos, poderão ser realizados.


Grande Teatro
A implantação do Grande Teatro, semi-enterrado, dispôs o palco 12 m abaixo do nível natural do terreno. O cubo de concreto que aflora corresponde à caixa cênica e serviços de apoio de palco, espaços da produção dos espetáculos. As áreas de público — foyer e platéia — não afloram acima do nível do terreno. No entanto, a disposição espacial proposta coloca o foyer, espaço de encontro do grande público, numa posição estratégica, diretamente associada à praça rebaixada, jardim do restaurante, ainda nível da cidade.

As exigências técnicas que se impõem a um teatro — isolamento acústico, controle artificial de luz e ar — e que demandam espessas paredes de concreto e volumes fechados, determinam características construtivas que se coadunam com a opção de uma construção semi-enterrada.
O leito rochoso existente no subsolo tem sua maior profundidade no ponto onde foi prevista a maior escavação, correspondente ao volume principal da caixa cênica. Portanto não impõe dificuldades às obras. Além disso, imaginou-se desejável que algum afloramento rochoso seja mantido na praça rebaixada, ou mesmo em ambientes internos, como o foyer, onde não imponha prejuízos ao uso e reconcilie, em certa medida, a construção com a natureza, tão presente nas técnicas e na geografia de Minas.

 

Pavilhão
O pavilhão de aço, com 216 m de comprimento e seção quadrada de 18 m, apresenta-se como um único elemento. Foi concebido, potencialmente, como um recinto contínuo.
No seu interior, a sede do Grupo Corpo, a galeria de artes e o conjunto identificado pelos cinemas – constituído também pelo acolhimento de público e café, pela administração do Centro de Arte Corpo e pelos apartamentos de visitantes –, claramente demarcados, organizam sua grande extensão como que composta pela sucessão de três edifícios, externamente idênticos e construtivamente autônomos. Às justaposições entre eles correspondem as juntas de dilatação e vazios interiores, arejados e iluminados por aberturas nas lajes, onde são constituídos jardins, paisagens internas e desejadas extensões para onde se abrem os diversos recintos do programa.
A praça de acolhimento do público no edifício central, com seu café, une as funções do Corpo e da galeria. Grandes portas pivotantes, que abrem todo o vão transverso do pavilhão, comunicam ou separam as diversas atividades.

Permitem que se realizem eventos que se estendam ao longo dos três edifícios somados, ou que artistas, durante seu trabalho, em seu lugar, percebam o trabalho de outros artistas, em outros lugares, recompondo nestas situações, pelo interior dos espaços, a mesma integridade que o conjunto exibe externamente.
A construção do pavilhão corresponde à mesma lógica que organiza o seu programa. São três módulos estruturais justapostos. Cada um deles é composto por um par de vigas, tipo Vierendel, compostas por perfis de aço de alma cheia, que vencem um vão de 43.2 m e balanços de 14.4 m.

 

Essa característica dos três módulos estruturais — aos quais correspondem itens inteiros do programa — permite a construção em etapas.
A concepção estrutural do pavilhão faz com que ele seja uma “infraestrutura” para as atividades. Ou seja, os pavimentos de laje podem ser dispostos com certa liberdade e, até certo ponto, podem também ser complementados ou transformados.
Há um caráter “fabril” na estrutura do edifício, que sugere o uso de equipamentos muito próprios das instalações industriais. Como é o caso do grande alçapão no piso que se abre da galeria de arte, ou das “paredes” pivotantes dos fechamentos transversais que permitem integrar ou isolar os diversos ambientes, ou ainda das pontes rolantes que são um recurso valioso para uma oficina de artes e uma galeria de exposições. São equipamentos muito convenientes à linguagem construtiva proposta e muito pertinentes ao caráter de centro de produção que se apresenta no programa de atividades.

O aço e a pedra, os dois elementos que apresentam o Centro de Arte Corpo, são as matérias essenciais da história das Minas Gerais