Reciclagem do Edifício Bianca

O edifício Bianca foi projetado por Croce Alfalo & Gasperini em 1980 com uma solução presente em diversos edifícios significativos da época, caracterizada por uma planta livre suportada por linhas de delicados pilares uniformemente distribuídos em curtos espaços ao longo de fachadas opostas e que chegam ao chão em poucos pontos através de uma transição. Desse partido resultaram edifícios elegantemente marcados por ritmos e sombras produzidos pela retícula estrutural, como por exemplo o Sudameris, do próprio escritório, e o Edifício Plantar, de Botti Rubin.

Reconhecendo tal filiação, a reciclagem do edifício Bianca, que converteu o seu uso de escritórios para moradia e atualizou sua construção, foi concebida de forma a preservar esses atributos, intervindo o mínimo possível nas fachadas e valorizando ao máximo o arcabouço estrutural.

Nas fachadas, foram instaladas janelas de alumínio, atendendo às normas atuais de proteção, estabilidade e desempenho. A nova caixilharia foi desenhada com contramarcos em alumínio anodizado natural e marcos em alumínio preto, individualizando as molduras para aliviar o peso visual dos conjuntos e multiplicar suas linhas. Acentuou-se, assim, a vibração das repetições, reverberando o caráter ritmado das fachadas originais.

Nas fachadas também, foram introduzidos peitoris e vergas, para constituir a necessária compartimentação vertical contra o fogo. Nas fachadas frontal e posterior, livres de pilares e onde naturalmente foram localizados os maiores ambientes e os usos mais extrovertidos, instalaram-se vergas, permitindo o toque dos caixilhos no chão e a decorrente riqueza das visuais para frente e para baixo, em direção à rua e a uma bonita árvore do miolo dessa quadra. Nas fachadas laterais, onde foram localizados os ambientes menores e mais reservados, foram adotados peitoris para garantir maior privacidade a esses espaços, confrontados com os vizinhos.

As vergas e os peitoris foram pintados ora em branco, ora em azul. Somados ao cinza claro do restante das fachadas, as cores se misturam num jogo delicado de tons azulados que aludem à cor original azul-claro do edifício.

Internamente, aproveitando o rigor da solução estrutural, as nervuras das lajes – que no uso comercial original estiveram ocultas por forros falsos – foram deixadas aparentes. Dessa forma, passaram a modular a organização das plantas e das instalações, especialmente da iluminação. Com a sua aparência e com as sombras que desenham, reforçaram mais uma vez o sentido cadenciado da arquitetura do edifício.

Finalmente, a abundância de aberturas para a luz e a ventilação natural em suas quatro fachadas envidraçadas, principal virtude do projeto original, possibilitou a criação de diversas tipologias, que oferecem uma rica variedade de alternativas de moradia à cidade.

arquitetura original

Croce Alfalo & Gasperini

 

arquitetura

Maria João Figueiredo

Marta Moreira

Milton Braga

 

colaboradores

Americo Fajardo

Gabriela Takase

José Beltrami

Murilo Romeu

Rafael Migliatti

Tomas Millan

Victor Oliveira

Victoria Bonetti

 

arquitetura de interiores

Metro Arquitetos

 

arquitetura da luz

estúdio lodi

 

comunicação visual

alles blau

 

promoção, hospitalidade e paisagismo

Planta.Inc

 

construção

RMR Engenharia

 

imagens

Gabriel Cabra

Paulo Troya

Milton Braga

 

área do terreno

1.150 m²

 

área construída

7.800 m²