O União Continental é um exemplo característico da arquitetura moderna anônima das décadas centrais do século 20, predominante no centro de São Paulo e responsável por transformar esse parque imobiliário em um dos maiores conjuntos modernistas do mundo. Independentemente de sua qualidade e relevância global, a modernidade do núcleo histórico paulista é um dos aspectos mais marcantes da urbanização da cidade, tornando inquestionável a importância de sua preservação. Portanto, a valorização das características modernas do edifício foi uma das premissas fundamentais do projeto.

Localizado na Vila Buarque, no encontro das ruas Marquês de Itu e Rego Freitas, o União Continental apresenta uma arquitetura racionalista e despojada, com lajes livres de pilares e janelas rasgando suas fachadas. O projeto de reciclagem, que converteu seu uso de escritórios para moradia e o atualizou do ponto de vista construtivo, buscou conciliar a manutenção das principais características originais com a adição de elementos arquitetônicos contemporâneos que, além de marcar um novo ciclo, conferem ao edifício um caráter mais adequado à sua nova função residencial.

Um destaque dos novos componentes são as bandejas de grade metálica instaladas sob os caixilhos que funcionam como jardineiras, dando suporte a uma variedade de vasos que trazem vida à fachada e conferem unidade ao conjunto. Em contraste, todo o aparato técnico de climatização foi intencionalmente locado nas fachadas dos fundos, naturalmente de menor destaque, liberando as frentes dos apartamentos para a “festa”, livres de qualquer interferência indesejada.

A renovação visual do edifício é reforçada pela pintura das fachadas, projetada para tirar proveito da curiosa implantação do edifício. Sua disposição em “L” lhe permite ganhar duas testadas: uma para a Rua Rego Freitas e outra para a Rua Marquês de Itu. Essa dupla frente, juntamente com a profusão de empenas resultantes dessa configuração, inspirou uma composição de cores que destaca essa geometria como virtude.

Dessa forma, quem caminha pela Rua Rego Freitas encontra sempre um tom bordô, enquanto, pela Rua Marquês de Itu, destaca-se um azul-claro. Duas ruas, duas cores, duas presenças distintas. Na esquina, onde as cores se encontram, surge uma terceira aparência, fruto da composição do bordô e do azul-claro, que destaca a condição peculiar do edifício na cidade.

Por fim, a reciclagem desse típico edifício de serviços enfrentou um desafio arquitetônico recorrente nesses casos: adaptar uma planta residencial em uma laje muito profunda, com, nesse caso, cerca de 11 metros até as janelas. A solução mais adequada foi organizar apartamentos com usos integrados em um único e comprido espaço por janela, com funções como dormir, cozinhar, comer, estar e trabalhar distribuídas ao longo do ambiente. Assim, foram propostos estúdios de cerca de 30 m². E, quando oportuno, na geometria particular da laje, onde havia fachadas em ambos os lados, foram propostos apartamentos maiores, com dois quartos.

arquitetura original

autoria desconhecida

 

arquitetura

MMBB Arquitetos

Maria João Figueiredo

Marta Moreira

Milton Braga

 

colaboradores

Tomas Millan

Victor Oliveira

Americo Fajardo

Murilo Romeu

Rafael Migliatti

Raphael Carneiro

Victoria Bonetti

 

arquitetura de interiores das áreas comuns

Carolina Bueno Andrade Silva

 

área do terreno

440 m²

 

área construída

2.135 m²